quinta-feira, 7 de novembro de 2019

EPISÓDIO 4 - EU e o OUTRO

       Recentemente eu me deparei com algumas situações completamente fora do meu controle. Pra quem não sabe, eu faço faculdade, ter 40 anos na faculdade, com pessoas de diversas idades, realidades, potencialidades, origens e inteligências, é um desafio. Ainda mais pra mim, por eu ser quem sou, ver a vida do jeito que eu vejo.
      É que agora meu olhar é outro, minha percepção cresceu comigo; então olho para as coisas, mesmo as que se repetem e faço outros questionamentos.
      Com essa introdução confusa, tive que abrir mão do controle, de criar expectativas diante do outro, de como vejo as coisas e "acho" que as coisas deveriam ser.
      Eu sempre me percebi diferente dos outros e passei minha vida toda me defendendo pra proteger minhas ideias e pontos de vista. Eu não cresci numa família muito fácil, a convivência sempre foi um infinito confronto para eu poder exercer minha identidade, enquanto as pessoas se frustravam por eu não ser quem eles queriam que eu fosse. Isso é muito desgastante, como o tempo e adquirindo autonomia de pensamento, eu me afastei deles. Fui bem radical e cruel pra fazer isso, mas também foi uma questão de sobrevivência, ou era pra mim naquele momento.
     Então, quando entrei na faculdade me vi no meio de pessoas mais jovens, ávida para aprender a ver o mundo e a vida com esse frescor, e novo prisma. Lembrando que à cada 10 anos é uma nova geração, e o que era importante pra minha geração, pode ter deixado de ser nesta. O que é super legal!!
     Verdadeiramente me abri pra isso, mas gente velha detesta mudanças e o índice de desistência onde estudo é alto, então, meu humilde grupo do primeiro semestre, formado por 3 pessoas se desfez, as minhas "parceiras de crime" deixaram a faculdade e eu me acovardei, me entristeci e isolei, fui buscar refúgio com meus contemporâneos, por orgulho ou vaidade, deixei minha limitação e fraqueza tomarem conta e saí desse grupo também. Me enfiei em outro grupo com pessoas diversas, mais novas e mais velhas, mas também não me adaptei e acabei sendo expulsa. Então, meu grupo que havia me acolhido da primeira vez, me recebeu de volta. Eu me senti feliz e super grata.
     O assunto é: Eu e o Outro. EU cheguei ávida por novidades e para aprender, me deparei com o OUTRO, conforme as coisas foram acontecendo, percebi que  meus pensamentos e comportamentos não estavam ajudando. Eu deixei de buscar o novo e me voltei para o familiar, aquela alegria que eu sentia foi embora junto com minhas colegas que deixaram a faculdade. Então o problema era eu; o que tinha em mim que me impedia de seguir em frente, para o novo? Eu.
     Então, mantendo essa linha de raciocínio, o que eu preciso fazer para mudar isso? As respostas não vem rápido, elas são ideias e suposições que se baseiam no que a gente sabe, no que vivemos, no que sentimos e intuímos. Nem sempre estamos certos, até porque ninguém é dono da verdade.
    Meu aprendizado não está concluído, mas o que tenho aprendido é que o outro não tem nada a ver com isso. EU Tem. O EU é a única pessoa que podemos tentar controlar e mudar. O outro tá ali vivendo a vida dele. Você também não tem nada a ver com o outro. Se tem algo no comportamento do outro que te afeta de forma negativa, é porque algo dentro de você não está em harmonia  com as leis do Universo. Já pensou nisso? A segurança do grupo que eu buscava, vem de valores, ideias e princípios que carrego em mim. Da minha geração, dos traumas que sofri com abandono, mas a responsabilidade pela minha própria segurança é minha. Ninguém tem ou pode me dar segurança emocional. Essa segurança não existe. Não podemos nos apegar ao ilusório.
     Essa é uma das inúmeras aventuras que tenho tido.
     Conselho de tia Dani, empodere-se. Seja responsável por você mesmo, esqueça a palavra culpa e veja o outro como alguém que também está buscando o melhor para si mesmo dentro de seus alicerces internos, se alguém quiser caminhar com você, deixa a pessoa livre. Se a pessoa vier por decisão melhor, não porque na sua cabeça você acredita que o melhor que a pessoa pode fazer é suprir sua necessidade ilusória. Ninguém pode suprir suas necessidades.

Good Health!